Transformação II

Se a poeira pudesse 

Se transformar numa flor, 

A flor numa ilusão, 

A ilusão numa realidade. 

Se a realidade deixasse 

De ser para o homem, 

Riqueza, posição, poder. 

Se a realidade fosse 

Mais subjetiva que objetiva, 

A poeira poderia gerar uma flor, 

A flor do amor.

Concita

10/07/1981

Transformação I

Uma rosa despetalada,
Um milho debulhado.
Uma cana descascada.
De relance,
Parece muita desgraça,
Mas vejamos;
Da rosa resta a pétala,
Do milho resta o grão,
Da cana seu interior.
Nada perdido então,
A pétala dá perfume,
Alimento dá o grão,
A cana tanta coisa...
Nada se perde então,
Há apenas transformação.

Concita 

26/12/1976

O Elo perdido

O elo está

Na exuberância das árvores,
No abraço sincero dos galhos,
Na infinidade de folhas que se beijam,
Na humildade de ramos que se curvam.
O elo está
Nas formigas que transitam como senhoras do mundo.
Na multidão das partículas orgânicas,
Na multidão de partículas vegetais
Despercebidas por todos.
O elo está
Na grandeza dos mares,
Na beleza das algas,
No poder da água.
O elo perdido
Em tudo podemos encontrar.

Concita
15/07/1981

O que seria...

O que seria do homem,
Se antes de tudo fosse o nada,
Se o nada envolvesse quase tudo,
Se o tudo fosse quase nada?
O que seria do homem
Sem o tudo,
Sem o nada?!




Concita
20/01/77

Falso, verdadeiro

Uma mão cheia de ouro,
Puro a luzir,
A impressionar…
Pra que serve tanto ouro?
A quem vai ajudar?
- Não ajuda a ninguém,
Porque quem o tem,
Tem ouro, mas, não tem o tesouro
Da bondade,
Da compreensão.
Segura o ouro, fecha a mão,
Fecha também o coração.

Concita
20/07/1977

Maternidade

Mãe pensa 

Sempre 

Nos filhos 

Em primeiro 

Lugar. 

Até no ato 

De se alimentar 

Está pensando 

Se eles disso 

Vão precisar, 

Seja no ato 

De amamentar, 

Seja no ato 

De toda, toda 

Se dar. 

Concita

09/05/75

Labirinto

Num beco sem saída,
Não quero entrar.
Por isso, estou sempre
Procurando
Ruas largas
Ou estreitas,
Para passar.

Concita
05/02/1981